É raro quem goste de répteis e anfíbios, mas vamos suavizar essa tarefa começando pelos mais fofinhos... Quando nos nutrimos de conhecimento sobre com o que devemos nos preocupar, bem como sobre a importância de cada espécie para o nosso bem-estar, essa compreensão substitui o medo ou o nojo e passamos a respeitar tais seres que vivem ao nosso redor. Conhecimento traz realização! Começaremos pelos Répteis.
Primeiramente, vamos aos conceitos que muita gente tem dúvida. Tartarugas são répteis marinhos, possuem nadadeiras em forma de remo, assim conseguem uma boa locomoção dentro d’água. Diferente dos cágados, que possuem patas com unhas e membranas entre os dedinhos, com formato achatado para que possam passar da água doce para a terra. Já os jabutis são exclusivamente terrestres, uma vez que suas patas cilíndricas são adaptadas a esse habitat, semelhantes às dos elefantes, em tamanho muito menor, é claro. Outra diferença entre esses três tipos de répteis é a forma que o pescoço se movimenta. A tartaruga tem movimento vertical que auxilia na natação, o cágado gira a cabeça lateralmente e o Jabuti não dobra o pescoço lateralmente. Os cascos também variam de peso, o do jabuti é mais alto e pesado, enquanto o das tartarugas e cágados são mais leves e num formato que os ajude a não afundar na água e permita nadar com velocidade e agilidade. Falaremos abaixo de algumas espécies mais comuns por aqui apenas, pois há diversas.
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta)
Habita todos os oceanos, passa a maior parte da sua vida em habitats marinhos e estuarinos, e as fêmeas só vêm à praia para desovar. Frequentemente aparecem em nossas praias vítimas de redes de pesca muito feridas ou já mortas. Mas se conseguirem ficar longe de plásticos e redes, podem chegar a quase 70 anos de vida. Os plásticos que vão se desmembrando nos oceanos se parecem com seu alimento predileto, as águas-vivas (também chamadas de medusas, mães d’água ou alforrecas). Então, quanto menos tartarugas, mais queimaduras de água-viva os banhistas podem levar nos dias em que o mar estiver mais morno. As tartarugas adultas medem em média 90 centímetros de comprimento e têm um peso médio de 135 quilos, embora também se tenham registado exemplares maiores com um comprimento de até 213 centímetros e um peso de até 545 quilos. A carapaça serve como armadura exterior, embora estas tartarugas não possam retrair as suas cabeças ou patas nela. As glândulas lacrimais que se encontram atrás de cada olho permitem manter um equilíbrio osmótico ao eliminar o excesso de sal obtido pela ingestão de água do mar. Em terra, a excreção do excesso de sal dá a falsa impressão de que a tartaruga está a chorar. Passam até 85% do dia submersas, e os machos mergulham mais ativamente do que as fêmeas. A duração média das imersões varia de 15 a 30 minutos, mas podem permanecer debaixo d' água por até quatro horas.
Nós do Hostel Tribos Livres cedemos fotos da tartaruga que encontramos na praia Itapeva, veja nos links abaixo.
Cágado negro (Acanthochelys spixii)
Também conhecido como Cágado-de-espinhos, é um animal de médio porte, seu pescoço possui tubérculos pontiagudos e alongados. Pode ser encontrada em cursos hídricos lênticos, ou seja, em nos quais a água não está em constante movimentação, como lagos, lagoas e pântanos. Está presente em charcos permanentes ou estacionais e semipermanentes, cursos de água temporários, em regiões de extração de areia dos rios (cavas). Já fizemos o manejo dessa espécie, geralmente levamos para a Lagoa Itapeva quando algum vizinho nos traz cágados perdidos por aí, mas pelo fato desse exemplar viver em lagoas cobertas por vegetações aquáticas de aproximadamente 30cm de profundidade, levamos ele para a Lagoa Jardim, que também fica aqui perto da nossa hospedagem. Ele é tímido! E pudemos ver como é alongado seu pescoço, que tem aproximadamente 7cm. Muito interessante. São animais oportunistas, possuindo uma dieta predominantemente carnívora. Utilizam sucção na alimentação, e entre alguns componentes de sua dieta estão larvas aquáticas de insetos, borboletas, moscas e até mesmo sapinhos adultos.
Tigre d’água Brasileiro (Trachemys dorbigni)
Já fizemos o manejo desse cágado, estava andando pela rua da Hospedagem Tribos Livres e a levamos para a Lagoa Itapeva. É linda e enorme! Conhecida popularmente como tartaruga-tigre-d’água ou tartaruga-verde-e-amarela devido sua coloração verde com manchas que variam de avermelhadas a amareladas (lembrando que não é uma tartaruga, é um cágado). É uma espécie onívora com dieta composta por material vegetal, moluscos, insetos, crustáceos, anuros e peixes. Pode ter até 25 cm de carapaça e viver mais de 30 anos de idade. As fêmeas colocam em média 12 ovos por desova no período de setembro a fevereiro. A espécie sofre ameaças devido ao declínio das áreas de nidificação pela agricultura extensiva, aos atropelamentos em rodovias e à captura dos ovos para comercialização como animal de estimação. É comum vê-las na Lagoa do Violão.
Fonte: https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/tartaruga-tigre-dagua-trachemys-dorbigni/
Tartaruga-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans)
É uma espécie exótica de cágado, ou seja, é nativa dos Estados Unidos da América, mas hoje é encontrada em vários lugares do mundo, confundida com o Tigre d’água Brasileiro (Trachemys dorbigni). Apresenta tamanho de 15 a 30cm. Alimentam-se de vegetais, insetos e pequenos peixes. Entre os insetos, podem-se citar grilos, e algumas espécies de larvas de mosquitos e besouros. Algumas vezes, esses répteis podem até alimentar-se de pequenos roedores. Elas têm uma mordida forte, algumas tartarugas não gostam de ser seguradas podem agitar-se e começar a chutar a mão da pessoa. Quando isso ocorre, é recomendável que se coloque a tartaruga de volta ao chão, então deve-se ter cuidado, até para que ela não caia e se machuque. Pode chegar aos 40 anos, ainda que um período vital de 10 a 20 anos seja o mais comum.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tartaruga-de-orelha-vermelha
Cobra Papa-lesma ou Dormideira (Sibynomorphus cf. neuwiedi)
São confundidas com serpentes perigosas, porém, elas são totalmente o contrário. São muito dóceis, não possuem peçonha. Apenas possui glândulas na cabeça cuja substância serve, na verdade, para lidar com a gosma (muco), produzida pelas lesmas e caracóis, o que facilitaria a ingestão desse alimento que elas tanto gostam. Veja as diferenças entre as dormideiras e as jararacas mais fáceis de se perceber:
1- As manchas negras ao longo do corpo formam retângulos nas dormideiras, enquanto nas jararacas podem variar em formas de “V” a “U” ou se assemelharem a “gancho de telefone”.
2- Fosseta Loreal: Órgão termorreceptor, localizado entre os olhos e as narinas, presente nas Jararacas. Ausente nas dormideiras!
Portanto, o único dano que causam é em hortas, pois comem as lesmas deixando um resíduo cloacal terrivelmente mal cheiroso.
Tanto uma cobra como a outra são essenciais no controle de pragas em áreas rurais, a dormideira se alimenta de lesmas e a jararaca de roedores.
Fonte: https://bichovivo.wordpress.com/2015/12/28/sibynomorphus-cf-neuwiedi-papa-lesma-ou-dormideira/
Cobra-verde (Chironius bicarinatus)
Conhecida popularmente também como cobra-cipó-verde ou caninana-verde. Espécie de cobra não peçonhenta de excelente camuflagem, que habita a América do Sul, na região da Mata Atlântica. Alimenta-se principalmente de pequenos lagartos, pássaros, pererecas e roedores. É muito agitada e foge no momento que é avistada.
Cobra coral-verdadeira (Micrurus corallinus)
As corais têm hábitos noturnos, vivem sob o solo, folhas, troncos em decomposição, raízes e pedras. Não são agressivas, oferecendo risco somente quando manuseadas ou acuadas. Suas presas de veneno são fixas (dentição proteróglifa) e pequenas, localizadas na parte anterior da boca, por isso elas mordem em vez de picar. Ainda assim, esta é uma das corais de veneno mais ativo no homem, podendo causar a morte em pouco tempo. Uma das cobras pequenas mais venenosas do mundo, a cobra coral-verdadeira tem aproximadamente entre 40 centímetros a 1,6 metros apenas. Todas têm cabeça oval, olhos pretos pequenos, escamas lisas e uma cauda curta. As falsas cobras corais mimetizam (imitam) as características físicas (as cores e listras, especialmente) das corais-verdadeiras para afastar possíveis predadores. Não convém tentar identificar se é falsa ou verdadeira, pois as diferenças são sutis. O melhor a fazer é chamar o órgão competente para fazer o manejo. Provavelmente você não terá o prazer de ver cobras por aqui, pois agora há poucos terrenos baldios na região, mas conhecimento nunca é demais, não é?
Falsa-coral
Existem diferentes espécies de falsas-corais, as quais estão distribuídas em diferentes gêneros, tais como Oxyrhopus, Erythrolamprus e Simophis. Em relação ao comportamento, este varia de uma espécie para outra. Assim como as corais-verdadeiras, são animais carnívoros e podem se alimentar de pequenos lagartos e até mesmo de outras cobras. Muitas pessoas acreditam que a falsa-coral não possui veneno. Esse é um grande equívoco. Essas cobras também são venenosas, entretanto nessas espécies os dentes responsáveis por inocular o veneno estão localizados na parte de trás da boca, dificultando que a substância seja inoculada no momento da picada. Além disso, em algumas falsas-corais não há presença de presas inoculadoras. Nas corais-verdadeiras, as presas inoculadoras ficam na parte da frente, portanto a inoculação do veneno ocorre mais facilmente. Vale destacar que, como a maioria dos animais, essas serpentes não atacam se não se sentirem ameaçadas. Sendo assim, é fundamental sempre ficar atento ao caminhar em áreas verdes e nunca colocar a mão embaixo de troncos, pedras e outros ambientes que podem ser esconderijos para serpentes. Caso seja picado por uma cobra, independentemente da espécie, é fundamental não tentar chupar a ferida e não fazer torniquetes. O ideal é procurar imediatamente o médico para a aplicação do chamado soro antiofídico, que tem por função principal diminuir a ação do veneno.
Fonte: https://escolakids.uol.com.br/ciencias/cobra-coral-verdadeira-e-falsa-coral.htm
Abaixo seguem três espécies de Anfíbios, animais dóceis e muito importantes para o controle de insetos. Ajudam no controle da proliferação de animais peçonhentos como escorpiões e aranhas! Salvem os Anfíbios para que não encaremos o caos!
Sapinho-da-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis)
É uma espécie de anfíbio da família Bufonidae. Endêmica do Brasil, onde é encontrada do município de Imbituba, no estado de Santa Catarina, ao município de Torres. Suas cores vermelhas da barriguinha e patinhas chamam a atenção. Essas cores acabam afastando predadores que acham que ele é venenoso, um mecanismo de proteção eficiente, porém, não tem efeito em nós, seres humanos. Na verdade, seu habitat é bem restrito, geralmente em poças temporárias localizadas entre as dunas móveis do Parque Estadual Itapeva, assim como já foi visto no Morro da Itapeva a 25m de altura em uma área úmida, seu local predileto. É uma espécie vulnerável de extinção no Brasil e no RS, já em SC tem perigo de extinção. Porém, há alguns deles morando recentemente na nossa propriedade, são muito pequenos, têm menos de 3 cm! Quando pegamos ele na mão para realocar perto de pedras, ele levantou as patinhas escondendo os olhos, mostrando as palmas das patas de cor vermelha, pois apresentam comportamento de defesa “reflexo unken”, que consiste em curvar o corpo e mostrar as superfícies vermelhas. Pareceu estar com medo, então logo lhe deixamos quietinho. Apresenta pequenos espinhos córneos distribuídos por todo o corpo. Os anfíbios são conhecidos por possuírem glândulas que secretam substâncias defensivas em sua pele. Alguns grupos de anuros, como bufonídeos, desenvolveram agrupamentos de glândulas em regiões específicas, formando macroglândulas, como a parotoide e a tumefação frontal. Esta última é característica do sapinho-de-barriga-vermelha. A dieta deste sapo consiste principalmente de formigas e ácaros.
Sapo-Cururu (Rhinella icterica)
É a espécie mais conhecida dentre o grupo dos anfíbios. Sua dieta é variável, como insetos, aranhas, escorpiões etc. A água é fundamental para sua reprodução. Frequentemente nossos hóspedes se deparam com algum deles, mas parecem estátuas, não fazem nada para nos perturbar. É importante saber que sapos não expelem veneno, pois não possuem órgão inoculador, como nas cobras, e muito menos seu xixi deixa as pessoas cegas. É mito! As glândulas de toxina, atrás dos olhos, só se enchem de toxina contra predadores se forem pressionadas. Geralmente se algum cachorro morde nesse local. Mas nossos pets não incomodam os sapos, aqui todos se respeitam. Portanto, não há motivo para ter nojo nem medo. Sapo não pula em pessoas, em vez disso, vão em direção oposta. Espécie de pele rugosa e de tamanho grande, machos medem entre 10 e 16,6 cm e fêmeas de 13,5 a 19 cm. A espécie apresenta dimorfismo sexual evidente. Os machos apresentam coloração uniforme dorsal, geralmente verde ou amarelo e as fêmeas, coloração dorsal rajada de preto e bege-acinzentado, sendo comum a presença de uma listra clara vertebral. Os indivíduos jovens também apresentam esse padrão irregular de manchas, como as fêmeas. Ventre claro, marmoreado de castanho. Glândulas paratóides muito grandes e largas. Membranas interdigitais pouco desenvolvidas.
Fonte: https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/sapo-cururu-rhinella-icterica/
Rã-chorona (Physalaemus gracilis)
Vive em florestas, áreas rurais e áreas urbanas, podendo ser encontrada sob folhiço de florestas, pedras, troncos, entulhos, e em corpos d’água durante o período reprodutivo. Reproduzem-se de setembro a março, quando é possível visualizar seus ninhos espumosos, tal como outras espécies do gênero. A vocalização dos machos lembra o choro de um bebê. Difere-se dos sapos em aspectos fisiológicos, o que lhe permite um salto beneficiado pelas longas patas traseiras (podem pular 12 vezes seu comprimento), e seu corpo é mais esbelto que o dos sapos. Normalmente as rãs saltam baixo e somente quando assustadas ou quando caçam é que dão altos pulos. Pode ser observada em todas as áreas de Torres. Espécie noturna. As rãs possuem dentes, os quais geralmente não se encontram em sapos.
Fonte: https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/ra-chorona-physalaemus-gracilis/